Presença de DNA da Leishmania (V.) braziliensis na Mucosa Nasal Clinicamente Saudável em Pacientes com Leishmaniose Cutânea

Autores

  • Amanda Canário
  • Michelle Queiroz
  • Gustavo Barreto
  • Thiago Cavalcante
  • Vanessa Riesz
  • Rohit Sharma
  • Almério de Noronha
  • Thaizza Correia
  • Manoel Barral-Netto
  • Aldina Barral
  • Ricardo Khouri
  • Viviane Boaventura

DOI:

https://doi.org/10.35753/rchsi.v3i1.43

Palavras-chave:

Leishmania braziliensis, Leishmaniose em mucosa, Swab nasal, Reação em cadeia da polimerase

Resumo

Considerando que a lesão da mucosa ocorre tardiamente após a infecção por leishmaniose cutanea (LC), avaliamos se pacientes com doença cutânea por L. V. braziliensi sem atividade podem carrear DNA do parasita na mucosa nasal aparentemente sadia. Realizamos um estudo de corte transversal, com exame otorrinolaringológico de todos os casos de LC (n-153) atendidos em uma área endêmica na Bahia- Brasil, em um período de 2 anos. Amostras de swab nasal foram coletadas antes do tratamento para avaliação de DNA do parasita. Após 3 meses, esses indivíduos foram reavaliados para identificar o status da doença. O DNA do parasita foi detectado em 7,8% (12/153) de pacientes com LC sem lesão aparente em mucosa nasal. O DNA estava presente em pacientes com fatores de risco conhecidos para desenvolvimento de lesão de mucosa, como lesões cutâneas em maior número (mediana de 1,5 vs 1,0, p=0,044) e maiores (mediana 2,7 vs 1,6cm, p=0,013). Além disso, esses indivíduos com parasita na mucosa evoluíram mais frequentemente para formas atípicas da LC [45,5% vs 11,5%; p=0,009], e necessitaram de mais ciclos de tratamento para atingir a cura clínica da lesão cutânea (mediana de 2 vs 1, p<0,05). Os resultados sugerem tropismo precoce do parasita para a mucosa nasal e um fenótipo clínico dos casos de LC com DNA de parasita detectável na mucosa. Estudos futuros poderão avaliar se a presença do parasita na mucosa servirá como marcador prognóstico de risco de desenvolver leishmaniose mucocutânea.

 

Publicado na revista Journal of Microbiology and Infection, em Janeiro de 2019. Canário A, et al. Clin Microbiol Infect. 2019 Jan 4. pii: S1198-743X(18)30838-3. Doi: 10.1016/j.cmi.2018.12.02.

Publicado

2019-03-30